1. INTRODUÇÃO A constante busca de novas tecnologias, nas suas diversas áreas, provoca uma relação entre as diferentes áreas atuantes na economia bem como social. A união da agricultura com a medicina aplica a tecnologia para o desenvolvimento de novos medicamentos, terapias e procedimentos para uma melhor performance desses insumos. Além de referência mundial em vacinação. O Brasil tornou-se autossuficiente na produção de imunobiológicos, fabricados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, e pelo Instituto Butantan, em São Paulo. Ao todo, são mais de 36 mil salas de vacinação espalhadas por todo o país, onde são aplicadas 300 milhões de doses por ano. O país ainda as exporta para mais de 70 nações. O processo de produção de uma vacina é complexo e passa por diversas etapas, que podem durar meses. As pesquisas, por sua vez, levam mais de 10 anos para serem concluídas. Cada vacina tem um método diferente de criação, tudo vai depender da tecnologia necessária. A vacina contra o Influenza — vírus causador da gripe —, por exemplo, tem como base o ovo. O ovo é um alimento para várias espécies, incluindo o homem. Apesar de vários animais serem ovíparos (se reproduzirem por ovos), as aves têm sido a principal fonte de ovos para a alimentação humana, pelo menos desde sua domesticação, há milhares de anos (CARNEIRO, 2012). Os ovos ocupam o quinto lugar no ranking das proteínas mais consumidas no mundo, estando atrás de leite, pescados, suínos e frangos e à frente dos bovinos. A produção de ovos comerciais para o consumo cresceu consideravelmente nos últimos anos em todo o mundo, porém, no Brasil com os levantamentos feitos pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) mostram que a produção brasileira de ovos totalizou no ano passado (2018) 47,5 bilhões de unidades, recorde histórico que superou em 7,1% a produção registrada no ano anterior. Porem o maior aproveitamento dos ovos é na forma do consumo das claras e gemas para as mais variadas aplicações, sendo descartados sem um controle adequado. Conforme esse contexto, uma das metas é agregar valor a esse resíduo que ainda não está sendo devidamente explorado comercialmente, minimizando danos ambientais, a exemplo do descarte inadequado deles em aterros sanitários, podendo ser fonte de contaminação de solos e a parte hídrica. Uma das principais alternativas para a manufaturação de valor a esses resíduos é a utilização da hidroxiapatita – HAp - a partir das cascas dos ovos. Os ovos são compostos por duas regiões distintas: uma camada externa Mineral e uma Membrana interna, onde as fibras de colágeno estão organizadas em lamelas. Devido a essas características, muito tem sido a nossa pesquisa com relação a sua utilização como fonte de obtenção de materiais de grande interesse comercial para demanda hospitalar. O presente estudo teve como objetivo construir um curativo oclusivo biológicos da membrana interna do ovo rica em colágeno que deve prevenir as perdas hidroeletrolíticas, evitar a contaminação bacteriana e promover a epitelização ou formação de tecido de granulação para enxertia. Tecidos biológicos de origem animal, tais como pele de porco ou rã, pericárdio bovino e submucosa de intestino suíno, são alguns dos materiais utilizados para esses curativos. Estudos recentes apontam a utilização de curativo biológico com base em animais aquáticos, a exemplo de pele da Tilápia-do-Nilo. Segundo Adriano Ferro (2017), a pele de tilápia demonstrou em estudos histológicos, histoquímicos e tensiométricos ser passível de utilização como um fator protetor na medicina regenerativa. Uma vez que, apresenta características microscópicas semelhantes à estrutura morfológica da pele humana, além de possuir elevada resistência e elasticidade à tração. O colágeno presente em sua estrutura, estimula fatores de crescimento de fibroblastos, gerando padrão de cicatrização superior ao da pele nua, devido à sua capacidade de obstruir a ferida, minimizar exsudatos e a formação de crostas. Além disso, curativos biológicos e sólidos têm eficácia superior, em relação aos sintéticos, nos quesitos: menor tempo de fechamento de feridas, maior taxa de reepitelização e menor dor. Portanto, a pele de tilápia é um importante meio alternativo, no tratamento de queimadura, quando as técnicas de auto-enxerto não forem viáveis. como biomaterial na medicina regenerativa, apresentando boa aderência ao leito das feridas em teste com ratos. Estudos demonstraram, ainda, um comportamento biológico satisfatório em testes comparativos com a pele humana nas análises histológicas, histoquímica e tração tecidual. Enquanto países do primeiro mundo utilizam o xenoenxerto com pele de porco, o Brasil não permite esse tipo de tratamento há mais de 50 anos. Fica claro, então, que há espaço para novos estudos visando encontrar alternativas ao tratamento das queimaduras no país. Essa pesquisa foi feita por alunos da Escola Estadual Nossa Senhora de Nazaré, com metodologia adaptada a realidade do material de pesquisa, com resultados satisfatórios tanto na remoção da camada mineral da casca do ovo em concentrações de ácido acético, cloreto de sódio e água destilada em temperatura equivalente a solução, nos testes de modelagens da membrana e os testes fisioquímico, fundamentais na conclusão desse projeto contribuindo nesse campo de pesquisa da área da saúde. Um outro ponto foi de estimular os alunos na Iniciação Cientifica, aplicando os conhecimentos adquiridos nas aulas Biologia, Física, Química e Matemática como conteúdos pedagógicos em conformidade ao Novo Ensino Médio (BNCC). Houve uma total aplicação dos conhecimentos adquiridos na construção desse projeto. Neste sentido, a região externa da casca do ovo pode ser utilizada para extração de HAp, um composto à base de fosfato de cálcio, sendo um dos materiais mais semelhante à fração inorgânica dos ossos e dentes (BOUTINGUIZA et al., 2012; KONGSRI et al., 2013). Além disso, a HAp, pode ser utilizada para formulação de biocompósitos devido a características como ausência de toxicidade e ausência à resposta a corpo estranho e inflamações (KAWACHI et al., 2000). As membranas internas dos ovos são fontes ricas em colágeno e podem ser utilizadas para extração de gelatina. Considere-se também que a gelatina é amplamente utilizada pela indústria alimentar, além do que é, ainda, útil nas áreas de medicina e farmacêutica tendo como base o trabalho de IRWANDI et al., 2009. Em alguns casos, obtêm-se biomateriais que podem ser utilizados em várias áreas, como odontologia, medicina e farmacêutica. De acordo com Hossan et al. (2014), os avanços mais importantes no campo dos biomateriais ao longo dos últimos anos têm sido em biomateriais bioativos. Os compósitos produzidos com hidroxiapatita e polímeros naturais apresentam benefícios de composição por possuírem semelhante ao sistema natural. Dessa forma, com base no contexto apresentado, percebe-se como oportunidade para estudos e elaboração, caracterização e avaliação de compósitos a partir de hidroxiapatita e colágeno, ambas obtidas a partir dos resíduos do processamento dos ovos de granjas e suas aplicabilidades nas áreas da saúde e indústria. 2. OBJETIVOS 2.1. GERAL Modulação da membrana interna do ovo de aves em uma película de proteção e regeneração biológica no tratamento de queimaduras. 2.2. ESPECÍFICOS Produzir em laboratório as prototipagens de baixa, média e alta fidelidade e testá-las conforme as normas de fabricação da ANVISA. Avaliar a relação físico-químico da película membranosa e suas propriedades biológicas em relação ao processo de cicatrização em queimaduras. Determinar um protocolo de produção da Película Membranosa (PMI-01), dentro dos parâmetros da ANVISA. Todo o projeto foi realizado no laboratório da Escola Estadual Nossa Senhora de Nazaré, com participação efetiva dos alunos bolsista e voluntários, com perspectiva de pasceria com uma Faculdade de Medicina para aprofundamento teórico e possíveis testes em humanos.
3. MATERIAL E MÉTODO 3.1. Produzir em laboratório as prototipagens de baixa, média e alta fidelidade e testá-las conforme as normas de fabricação da ANVISA. Foram feitos levantamentos bibliográficos de artigos científicos e manuais técnicos referentes à pesquisa. Essas etapas foram feitas pelos alunos da Escola Estadual Nossa Senhora de Nazaré no município de Manacapuru. Em seguida, foram coletadas quatro dúzias de ovos de granja em conformidade com a logística do projeto, separação das vidrarias devidamente esterilizadas, reagentes, EPIs e equipamentos do laboratório como estufa, autoclave e microscópio. Os materiais coletados foram separados e catalogados em quatro lotes, com níveis de testes pré-determinados fundamentais para quantificar e qualificar essa etapa de pesquisa (Figura 1). Foram realizados quatro processos de retirada da hidroxiapatita em soluções de ácido acético e água destilada com temperatura de 80 C° em quatro concentrações em um período pré-estabelecido (Figura 2). Todos esses resultados foram analisados na próxima etapa desse projeto. Produzir em laboratório as prototipagens de baixa, média e alta fidelidade e testá-las conforme as normas de fabricação da ANVISA. Foram realizados quatro processos de retirada da hidroxiapatita em soluções de ácido acético e água destilada. As cascas foram colocadas em quatro concentrações em béqueres devidamente identificadas, colocadas em uma estufa no período pré-estabelecido a 50C° durante 10 minutos e observado se houve a liberação das membranas com relação ao estado físico da mesma (Figura 3), posteriormente as membranas foram lavadas em água destilada e armazenada em sacos a vácuo com álcool gel 70% a uma temperatura de 8°C. Todos os dados foram anotados em diário de bordo e utilizada na produção do protocolo de produção. Após esses procedimentos, as membranas foram preparadas para as prototipagens de baixa, média e alta fidelidade, em cortes favoráveis a área total de aproveitamento como bandagens curativas. Todos esses resultados foram analisados na próxima etapa desse projeto. A obtenção da membrana interna do ovo, se deu pela imersão das cascas em soluções de ácido acético com água destilada em quatros concentrações de 25%, 50%, 75% e 100% de ácido acético em temperaturas de 50C° durante 10 minutos, sendo replicado 10 vezes. Observou-se um melhor resultado na liberação da membrana na concentração de 25% (Tabela 1). Tabela 1: concentração de ácido acético e água destilada Concentrações Temperatura Tempo Quant/repet Obs 25 % 80C° 10 mim 10 x Membrana ok 50 % 80C° 10 mim 10 x Membrana ok 75 % 80C° 16 mim 10 x Membrana/defeito 100% 80C° 18 mim 10 x Membrana/defeito 3.2. Avaliar a relação físico-químico da película membranosa e suas propriedades biológicas em relação ao processo de cicatrização em queimaduras. Todas as cascas dos ovos tiveram um pré-tratamento, onde foram lavadas em água corrente para tirar o excesso de resíduos (fezes e fragmentos de impurezas). As cascas, foram submetidas na etapa de obtenção da hidroxiapatita dos compostos minerais, foi feita pelo emprego do tratamento térmico alcalino para a obtenção do material conforme o utilizado por Kongsri et al. (2013), com algumas modificações. Às cascas foram tratadas, adicionando-se uma solução de ácido acético CH3COOH a 4%, na proporção de 25%, 50¢, 75%, e 100%, ficando submersas no ácido, durante 10 minutos, em uma estufa regulada a uma temperatura de 50C°. Logo após esse tempo, as membranas foram lavadas até a neutralização, pH igual a 7 e colocadas em solução álcool gel a 70% dentro de sacos a vácuos devidamente identificadas por lote, concentração e data do preparo e armazenadas em um refrigerador a uma temperatura de 8C° durante 10 dias. Essa etapa serviu para observar as resistências físicas e químicas das membranas desde a remoção dos compostos minerais até seu comportamento no período de armazenamento (Figura 4) Foram efetuadas algumas modificações para a obtenção da micro-hidroxiapatita. Para isso, o material obtido foi passado em peneiras vibratórias, durante 5 minutos, com amplitude igual a 2 mm, a fim de obter a mesma granulometria em toda a extensão do material. Em seguida, o material restante da casca do ovo, foi filtrado e secado em estufa com circulação de ar a 50 °C por 24 horas. Em seguida, foi macerado em almofariz com pistilo e novamente passado em peneiras vibratórias para uniformizar a granulometria do material. Em seguida, o material foi analisado em equipamento microscópicos com escalas granométricas para confirmação dos tamanhos das partículas em escala micrométrica. Os biocompósitos foram armazenados em recipientes limpos e secos. A obtenção do formato e tamanho das bandagens, se deu pelo aproveitamento da área geométrica da membrana que inicialmente tem um formado oval e volumétrico passando a um formato de um cone truncado e aberto no plano (Figura 5). 3.3. Determinar um protocolo de produção da Película Membranosa (PMI-01), dentro dos parâmetros da ANVISA. Com os resultados obtidos nas etapas anteriores, foi elaborado um protocolo de pesquisa e produção da Membrana Interna do Ovo na Película Membranosa Interna 01 (PMI-01), levando em conta o melhor resultado na remoção da casca do ovo e preservação das características biológicas relevantes a aplicabilidade da membrana em curativo para queimaduras (Figura 6), também se utilizou o melhor corte geométrico em relação a área da bandagem. Foram feitos vários testes nas concentrações e cortes utilizando as prototipagens de baixa, média e alta fidelidade para a realidade desse projeto (Figura 7).
Inovação e Problemas da Sociedade, Saúde e Consumo Responsável
Tecnologia, Saúde, Membrana, Colágeno
Galileu da Silva Pires (Coordenador da Equipe)
Alessandro dos Santos Couto (Professor Colaborador)
Gabriel Vasconcelos Conde (Professor Colaborador)
José Victor da Rocha Maciel (Aluno Capitão)
Hevelyn Caroline Ribeiro Nunes (Aluno)
Lauane Marcele Araujo de Oliveira (Aluno)
Leticia Gabriela da Alencar Freire (Aluno)
Yasmin Lima da Silva (Aluno)
Escola Estadual Nossa Senhora de Nazaré, Manaus-AM
A busca por novas tecnologias, vem provocando uma interação entre as diferentes áreas de atuação econômica e social. A agricultura e a medicina usam a tecnologia para o desenvolvimento de novos medicamentos, terapias e procedimentos que garantam uma melhor performance desses insumos. Além de referência mundial em vacinação, o Brasil é autossuficiente na produção de imunobiológicos, fabricados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, e pelo Instituto Butantan, em São Paulo. O processo de produção de uma vacina é complexo e passa por diversas etapas, que podem durar meses. As pesquisas, por sua vez, levam mais de 10 anos para serem concluídas. Cada vacina tem um método diferente de criação, tudo vai depender da tecnologia necessária. A vacina contra o Influenza — vírus causador da gripe —, por exemplo, tem como base o ovo. O ovo é um alimento para várias espécies, incluindo o homem. Apesar de vários animais serem ovíparos (se reproduzirem por ovos), as aves têm sido a principal fonte de ovos para a alimentação humana, pelo menos desde sua domesticação, há milhares de anos (CARNEIRO, 2012). Os ovos ocupam o quinto lugar no ranking das proteínas mais consumidas no mundo, estando atrás de leite, pescados, suínos e frangos e à frente dos bovinos. o Brasil com os levantamentos feitos pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) mostram que a produção brasileira de ovos totalizou em 2018 47,5 bilhões de unidades, recorde histórico que superou em 7,1% a produção registrada no ano anterior. O presente estudo tem como objetivo construir um curativo oclusivo biológicos da membrana interna do ovo rica em colágeno prevenindo as perdas hidroeletrolíticas, evitando a contaminação bacteriana e promovendo a epitelização ou formação de tecido de granulação para enxertia. Tecidos biológicos de origem animal, tais como pele de porco ou rã, pericárdio bovino e submucosa de intestino suíno, são alguns dos materiais utilizados para esses curativos. Estudos recentes apontam a utilização de curativo biológico com base em animais aquáticos, a exemplo de pele da Tilápia-do-Nilo, como biomaterial na medicina regenerativa, apresentando boa aderência nas feridas em teste com ratos. Estudos demonstraram, um comportamento biológico satisfatório em testes comparativos com a pele humana nas análises histológicas, histoquímica e tração tecidual. Enquanto países do primeiro mundo utilizam o xenoenxerto com pele de porco, o Brasil não permite esse tipo de tratamento há mais de 50 anos. Fica claro, então, que há espaço para novos estudos ao tratamento das queimaduras. Essa pesquisa será feita por alunos da Escola Estadual Nossa Senhora de Nazaré.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1. Produzir em laboratório as prototipagens de baixa, média e alta fidelidade e testá-las conforme as normas de fabricação da ANVISA. As prototipagens de baixa, média e alta fidelidade, obtiveram resultados satisfatórios em virtude da sequência utilizada, sendo a primeira prototipagem de baixa fidelidade com cortes simples sem determinação de área da bandagem e sua forma geométrica, possibilitando um reconhecimento do formato natural da membrana e suas propriedades físico-químicas, a segunda prototipagem de média fidelidade possibilitou a escolha dos cortes e dos formatos geométricos com um melhor aproveitamento da bandagem. A prototipagem de alta fidelidade necessita de mais pesquisa e parceria com Instituições de Pesquisa e ou Faculdades em virtude ser sermos de uma escola de nível médio e a legislação não permite teste em organismos vivos principalmente em humanos, cabendo a necessidade de uma parceria no futuro. As prototipagens de baixa e média fidelidade mostraram-se eficazes e possibilitando uma aplicação futura como bandagem curativa em queimaduras em comparação a trabalhos similares como o da pele da Tilápia do Nilo. As Bandagens Curativas em pacientes com prototipagens de alta fidelidade, serão construídas em duas camadas, uma externa com malhas maiores para efeito de contato ao local lesionado e uma parte interna feita de uma malha, mas fina rica em colágeno. A hipótese é que as propriedades proteicas da membrana sejam transferidas ao ferimento possibilitando uma maior eficiência na cicatrização, em virtude da similaridade das propriedades das escamas em relação a pele humana, (Figura 8) 4.2. Avaliar a relação físico-químico da película membranosa e suas propriedades biológicas em relação ao processo de cicatrização em queimaduras. Os testes de concentrações acidas, temperatura e armazenamento das películas membranosas foram satisfatórios na construção desse projeto. Os testes de concentrações em ácido acético nas proporções 25%, 50%, 75% e 100% para a descalcificação da casca do ovo, obteve como melhor resultado a concentração de 25%, possibilitando uma boa remoção da casca com uma maior preservação das propriedades biológicas relevantes a aplicação das bandagens. Outro ponto favorável é a economia no processo no uso mínimo de ácido acético na obtenção das membranas refletindo nos custos produtivos. A temperatura ideal usada nas prototipagens foi a de 50C° nas concentrações acéticas durante dez minutos, essa temperatura garantiu uma melhor retirada das membranas sem precisar da total decomposição da casca do ovo, viabilizando o trabalho do grupo (Figura 9). O armazenamento da película membranosa em saco a vácuo imersa em álcool gel a 70% possibilitou a conservação das membranas em um período de 30 dias sempre observando as características físico-química das membranas e também foi a forma mais viável de armazenamento levando em conta a logística financeira de uma escola pública do interior do Amazonas. Essa etapa possibilitou garantir uma aplicabilidade curativa das membranas, principalmente nas propriedades biológicas direcionadas ao processo de cicatrização. As queimaduras são classificadas de acordo com a intensidade do tecido acometido, as superficiais ou de primeiro grau, afetam somente a epiderme, a área fica dolorida, espessada, eritematosa, descamativa, geralmente são úmidas e sensíveis a dor. As queimaduras de espessura parcial profundas, ou também chamadas de segundo grau, ocasionam um maior dano da derme, essas apresentam edema de subcutâneo, inflamação evidente, e os pelos não se destacam com facilidade, esse tipo de lesão cicatriza sem a necessidade de implantação de 5 enxerto, porém podem durar meses até a completa cicatrização. Lesões por queimaduras de espessura total, ou de terceiro grau, são caracterizadas por uma crosta marrom escura, rígida e sem sinais de dor, pois todas as estruturas cutâneas são danificadas inclusive os nervos e os pelos são retirados com facilidade. Àquelas queimaduras que se estendem além da derme podem ser classificadas como queimaduras de quarto grau. Essas feridas têm as mesmas características das de terceiro grau, porém possuem dano maior, acometendo músculos e ossos, e geralmente o processo de cicatrização é feito por segunda intenção ou reconstrução (FOSSUM, et. al., 2014). 4.3. Determinar um protocolo de produção da Película Membranosa (PMI-01), dentro dos parâmetros da ANVISA. Com os resultados obtidos nas etapas anteriores, foi elaborado um protocolo de pesquisa e produção da Membrana Interna do Ovo na Película Membranosa Interna 01 (PMI-01), levando em conta o melhor resultado na remoção da casca do ovo na concentração de ácido acético de 25% em temperatura de 50C° durante dez minutos, conservada em saco a vácuo imerso em álcool gel 70%, que possibilitou a preservação das características biológicas relevantes a aplicabilidade da membrana em curativo para queimaduras. Também se utilizou o melhor corte geométrico em relação a área da bandagem. Foram feitos vários testes nas concentrações e cortes utilizando as prototipagens de baixa, média e alta fidelidade para a realidade desse projeto, sendo o corte de cone truncado aberto o mais aproveitável para a geometria da membrana.
DISCUSSÕES 4.1. Produzir em laboratório as prototipagens de baixa, média e alta fidelidade e testá-las conforme as normas de fabricação da ANVISA. As prototipagens de baixa, média e alta fidelidade, possibilitou a escolha dos cortes e dos formatos geométricos com um melhor aproveitamento da bandagem. A prototipagem de alta fidelidade necessita de mais pesquisa e parceria com Instituições de Pesquisa e ou Faculdades em virtude ser sermos de uma escola de nível médio e a legislação não permite teste em organismos vivos principalmente em humanos, cabendo a necessidade de uma parceria no futuro. As prototipagens de baixa e média fidelidade mostraram-se eficazes e possibilitando uma aplicação futura como bandagem curativa em queimaduras em comparação a trabalhos similares como o da pele da Tilápia do Nilo. As Bandagens Curativas em pacientes com prototipagens de alta fidelidade, serão construídas em duas camadas, uma externa com malhas maiores para efeito de contato ao local lesionado e uma parte interna feita de uma malha, mas fina rica em colágeno. A hipótese é que as propriedades proteicas da membrana sejam transferidas ao ferimento possibilitando uma maior eficiência na cicatrização, em virtude da similaridade das propriedades das escamas em relação a pele humana. 4.2. Avaliar a relação físico-químico da película membranosa e suas propriedades biológicas em relação ao processo de cicatrização em queimaduras. Os testes de concentrações acidas, temperatura e armazenamento, obteve como melhor resultado a concentração de 25%, possibilitando uma boa remoção da casca com uma maior preservação das propriedades biológicas relevantes a aplicação das bandagens. Outro ponto favorável é a economia no processo no uso mínimo de ácido acético na obtenção das membranas refletindo nos custos produtivos. A temperatura ideal usada nas prototipagens foi a de 50C° nas concentrações acéticas durante dez minutos, essa temperatura garantiu uma melhor retirada das membranas sem precisar da total decomposição da casca do ovo, viabilizando o trabalho do grupo. O armazenamento da película membranosa em saco a vácuo imersa em álcool gel a 70% possibilitou a conservação das membranas em um período de 30 dias sempre observando as características físico-química das membranas e também foi a forma mais viável de armazenamento levando em conta a logística financeira de uma escola pública do interior do Amazonas. Essa etapa possibilitou garantir uma aplicabilidade curativa das membranas, principalmente nas propriedades biológicas direcionadas ao processo de cicatrização. 4.3. Determinar um protocolo de produção da Película Membranosa (PMI-01), dentro dos parâmetros da ANVISA. Com os resultados obtidos nas etapas anteriores, utilizou o melhor corte geométrico em relação a área da bandagem. Foram feitos vários testes nas concentrações e cortes utilizando as prototipagens de baixa, média e alta fidelidade para a realidade desse projeto, sendo o corte de cone truncado aberto o mais aproveitável para a geometria da membrana.
CONCLUSÃO A transformação das Membranas Internas em Bandagens Curativas em Queimaduras mostrou-se ser uma forma alternativa eficiente e hipotético no tratamento hospitalar. O grupo sabe que nossos testes mais aprofundados, precisão serem feitos, em virtude das limitações de um laboratório de uma escola pública e do interior. Porem o trabalho PMI-01 contribuiu com a confirmação do possível uso como bandagens e na reutilização de um dejeto industrial e residencial em sua grande maioria são descartadas nas vias públicas, contribuindo no aumento do lixo urbano e participando nas alterações climáticas. Os resultados indicam que há matéria prima expressiva e que podem serem expandidas com relação a logística agrícola. Os resultados obtidos nos testes em laboratório e campo foram satisfatórios e podem ser aplicados. Devemos considerar a contribuição social desse trabalho relacionado com a sustentabilidade.
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