Introdução
Um dos problemas que tem se agravado no Brasil é o descarte de plásticos e papéis, cuja produção e consumo geram diferentes impactos socioambientais, sobretudo, pela geração
de resíduos poluentes depositados no ambiente sem tratamento adequado.
Segundo a Organização Mundial das Nações Unidas (ONU), os resíduos provenientes destes materiais estão entre os agentes causadores da morte de mais de cem mil animais por ano.
Propõem-se neste trabalho analisar a viabilidade da produção de materiais biodegradáveis a partir das fibras presentes nas cascas das bananas consumidas na escola como alternativa para minimização dos impactos provocados pelo descarte de papéis e plásticos, uma vez que pesquisas mostram que a banana é um produto muito consumido no Brasil e cuja casca é rica em fibras vegetais viáveis para se produzir materiais biodegradáveis.
Métodos
Para a produção dos biomateriais, 300 g de cascas, equivalentes ao material colhido de cerca de seis bananas, foram cortadas longitudinalmente em finas tiras com comprimento de cerca de dois centímetros e pré-tratadas com suco de limão em 1,2 L de água por cerca de 10 minutos, pois o suco desta fruta é rico em ácido ascórbico, um poderoso agente antioxidante que atua na conservação das fibras impedindo seu escurecimento natural devido ao contato com o gás oxigênio do ar, mais precisamente pela ação da enzima polifeniloxidase responsável por oxidar o tanino presente na casca da banana dando origem a compostos marrons.
Para a fabricação do biopapel, 250 g das cascas pré-tratadas foram cozidos na própria água do tratamento por uma hora, sendo na primeira rodada de testes adicionado a esta 10 mL de uma solução de 2,5% em massa de hipoclorito de sódio que atuou como agente oxidante da lignina e redutor do escurecimento das cascas, ao quão foi acrescentado a partir da segunda rodada de testes 10 mL de uma solução a 0,25% em massa de peróxido de hidrogênio com o mesmo propósito. A partir da terceira rodada de tentativas, dobrou-se o volume da solução de peróxido de hidrogênio para 20 mL e substituiu-se a de hipoclorito de sódio foi substituída por 20 mL de uma solução de hidróxido de sódio 0,1 M para solubilização das fibras celulósicas.
Em todas as tentativas, a mistura resultante do cozimento foi então transferida para um liquidificador e triturada a média velocidade por 10 minutos para redução do tamanho das fibras e homogeneização da mistura.
Após ser triturada, a mistura foi despejada numa bandeja plástica pequena de cerca de 20 cm x 30 cm, sendo a ela adicionada mais um litro de água para facilitação do processo depara a captura das fibras em uma malha de poliéster de 45 fios por centímetro quadrado presa a uma armação feita de material reciclado de cerca de 12 cm x 16 cm e deixada suspensa sobre a bandeja por cerca de dez minutos para escoamento da água.
A malha foi então desprendida da armação e colocada sobre um pedaço de tecido de poliéster com as fibras capturadas voltadas para este tecido e, com o auxílio de um pequeno rolo de pintura, foi solta da malha e prensada.
Por fim, o tecido foi pendurado em um varal para secagem por cerca de 48h e então o papel resultante foi desprendido deste tecido e, em alguns casos, recebeu uma camada de bioplástico.
Tendo em vista a produção do bioplástico, foram separados 50g das mesmas cascas pré-tratadas. Durante a primeira rodada de testes, foram adicionados num béquer de 250 mL cerca de 8 mL de vinagre de vinho, 25 g de amido de milho e 8 mL de glicerina bi-destilada sobre uma chapa aquecedora a 90ºC para serem amolecidas por cerca de dez minutos. A mistura então foi triturada por 10 minutos num liquidificador junto as cascas da banana e 150 mL de água.
Na segunda tentativa, foram colocadas as 50g das cascas pré-tratadas num béquer de de mesmo tamanho junto a 200 mL da água resultante do tratamento, o qual foi colocado sobre uma chapa aquecedora a 90ºC para serem amolecimento das fibras por cerca de dez minutos. Depois disso, elas foram maceradas num almofariz e misturadas num béquer de 250 mL com 15 mL de vinagre de álcool, 10 g de amido de milho, 10 mL de glicerina bi-destilada e 200 mL de água por cerca de dez minutos.
Nas terceira e quarta tentativas, elas foram levadas ao liquidificador e trituradas junto a 30 mL de vinagre de álcool, 20 g de amido de milho, 20 mL de glicerina bi-destilada e duzentos mL de água por cerca de 10 minutos.
Em todos os casos, a pasta resultante foi então aquecida e homogeneizada em chapa aquecedora a 100ºC por cerca de 20 minutos até que adquirisse uma consistência viscosa, sendo então neutralizada com 10 mL de uma solução 0,1M de hidróxido de sódio e disposta em placas de Petri de vários tamanhos para secagem em estufa a 50ºC por 48h no primeiro teste, estufa à 130ºC por 40 minutos no segundo e em temperatura ambiente por 48h na terceira e quarta tentativa.