Introdução

O Brasil produz grandes quantidades de resíduos sólidos que em muitos municípios são dispostos em lixões, uma forma errada de depositar o lixo, pois contamina o solo, as águas superficiais e subterrâneas e colabora com a proliferação de doenças e insetos (SOARES, GRIMBERG, BLAUTH, 1998, MARAGNO, TROMBIN, VIANA, 2007). Nos lixões o material orgânico é responsável por produzir impacto ambiental, ao gerar resíduos na sua decomposição, seja na forma de metano ou o chamado chorume (MARAGNO, TROMBINI, VIANA, 2007). Esse material orgânico ao invés de nocivo para o meio ambiente pode transformar-se em material com valor nutritivo, sendo utilizado para diversas finalidades como alimentação animal ou na compostagem (MARAGNO, TROMBIN, VIANA, 2007). A compostagem é um processo biológico de reciclagem de matéria orgânica, que podem ser de origem animal ou vegetal, onde são reaproveitados os resíduos orgânicos, a partir da atividade de micro-organismos, que ajudarão na formação do adubo orgânico (GODOY, s/d; COSTA, SILVA, 2011). O país tem uma legislação específica para melhor gerenciar os resíduos sólidos, que é a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, Lei 12.305/2010). Essa política “obrigou” os municípios a enviar os resíduos para reciclagem e compostagem. Também é fundamental se tratar o assunto através de um plano de conscientização da população através da Educação Ambiental (SIQUEIRA, ASSAD, 2015). A Educação Ambiental na escola direciona sua prática para a solução de problemas ambientais, sendo que este processo deve ser continuo e permanente fornecendo aos indivíduos conhecimento, valores, habilidades para agirem em coletividade e assim resolver problemas ambientais como a questão do lixo, que aumenta à medida que aumenta a população (PELICIONI, 1998). A educação ambiental é o resultado da articulação de diversas disciplinas através da interdisciplinaridade e da transversalidade, criando experiências educativas que visam facilitar a percepção crítica de cada individuo em relação ao ambiente, ao seu próprio EU e a sociedade, buscando a sua transformação em um agente social mais atuante, capaz de responder as necessidades sociais. Nas últimas décadas um tema que tem sido muito difundido é a questão do desenvolvimento sustentável, que é uma nova forma econômica que procura atender às necessidades do presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras (PELICIONI, 1998). A compostagem pode ser um projeto de organização e conscientização da comunidade escolar, e também uma das formas de chegar à sustentabilidade. A escola é responsável por difundir idéias para a comunidade. Começando essa prática com os pequenos, pode-se aumentar a percentagem de domicílios que separam e recolhem o lixo de maneira adequada, e, consequentemente, outras ações de sustentabilidade surgirão, visto que o produto final – o adubo orgânico - poderá servir para outra prática doméstica, como a produção de hortas que ajudariam a garantir o sustento familiar. O objetivo do presente projeto foi: 1) orientar os alunos com relação a prática sustentável da compostagem; 2) Fazer análise da importância de selecionar o lixo e reaproveitá-lo posteriormente; 3) zerar a produção de lixo orgânico produzido na escola, a partir do preparo da merenda; 4) Expor o trabalho para a comunidade do entorno da escola, no sentido de divulgar a prática realizada pela escola na conscientização de alunos e de sua família., etapa essa realizada através da apresentação dessas ideias na feira de ciências da escola. Tais objetivos corroboram com a proposta feita no Seminário Internacional de Educação Ambiental de Belgrado (1975), que concebe a Educação ambiental como um amplo processo educativo formal ou informal, capaz de gerar valores novos, habilidades e atitudes em consonância com a sustentabilidade. A educação ambiental objetiva a formação da personalidade despertando a consciência ecológica em crianças e jovens, além de adulto, para valorizar e preservar a natureza. Após a realização do seminário em Belgrado foi citado por Lima (1984) apud Guimarães (2013), que a Educação Ambiental deve ser multidisciplinar, centrada no questionamento sobre o tipo de desenvolvimento e capaz de colaborar para a formação do indivíduo, que deverá ser capaz de discernir sobre a importância da preservação ambiental também como forma de preservação da própria espécie.

Métodos

O trabalho foi realizado na Escola Estadual Nossa Senhora Aparecida, localizada no município de Bom Jardim de Minas, Estado de Minas Gerais, em duas etapas (uma que antecede a pandemia da covid 19, nos anos de 2018/2019 e outra que ocorre neste ano de 2022, no retorno as aulas presenciais), sendo as etapas: • Levantamento bibliográfico referente ao tema, a partir do qual foi elaborada a sequência de atividades até a implementação da composteira na escola; • Convite a um ambientalista e entusiasta dos programas de compostagem nas escolas, Joaquim Moura, para palestrar e implantar junto a professora de ciências/biologia, Thais Galdino Alves, o sistema de compostagem; • Implementação das composteiras, concomitante ao convite e organização das cozinheiras da escola e ajudante de serviços gerais para o processo de separação do lixo e armazenamento do mesmo; • Organização e convite aos alunos da escola para participarem de forma voluntária dos encontros, que ocorreram duas vezes na semana, sempre após o horário de saída da escola, ás 11:25 (entre 2018-2019); • Retorno as atividades de compostagem no ambiente escolar; • Apresentação pelos alunos do projeto de compostagem para toda a comunidade escolar, no projeto anual da feira de ciências. Na etapa em que os alunos participaram ativamente da montagem e manutenção das composteiras, eles puderam acompanhar todo o processo de decomposição do resíduo orgânico e formação do adubo, dessa maneira a estes jovens foi apresentado uma nova maneira de ser e estar no ambiente refletindo sobre sustentabilidade. Na etapa da palestra foram apresentadas todas as atividades do projeto que iriam acontecer nas dependências da escola. Portanto, foi apresentado desde a orientação de como seria feito a composteira até a possibilidade de utilização do seu composto na horta a ser implantada na escola. No interior da cozinha da escola, onde é produzida a merenda escolar, as funcionárias inciaram o processo de separação do lixo orgânico. À medida que os resíduos iam sendo gerados, estes eram armazenados dentro de um latão, vedado até que os jovens participantes pudessem utilizar na montagem do composto. Para a montagem da composteira, os resíduos orgânicos foram dispostos em sistemas de leiras do tamanho de 1m de largura por 2m de comprimento, aproximadamente. Os materiais foram misturados para uma melhor homogeneização, junto com esterco e serragem levados pelos próprios alunos participantes. O revolvimento da compostagem foi feito semanalmente, o qual foi feito com a finalidade de permitir uma melhor decomposição do material exposto, permitindo, deste modo, uma melhor aeração do material decomposto.

Dados

COMPOSTAGEM :AÇÃO DE SUSTENTABILIDADE NA COMUNIDADE ESCOLAR


Temas

Inovação e Problemas da Sociedade, Cidades e Comunidades Sustentáveis, Saúde e Consumo Responsável

Palavras-chave

Compostagem , Feira de ciências na escola, Meio ambiente , Material orgânico

Equipe Ciêntifica

Thais Galdino Alves (Coordenador da Equipe)
Nilian Couto Hugo (Professor Colaborador)
DENIS REZENDE DA SILVA (Aluno Capitão)
GABRIEL REZENDE DA SILVA (Aluno)
JOÃO MANOEL SEIXAS NARDY (Aluno)
LUCAS SOARES DA CUNHA SILVA MARTINS (Aluno)
ARTHUR DIEGO KOBAYASHI PINHEIRO (Aluno)

Escola

Escola Estadual Nossa Senhora Aparecida , -

Resumo

Muito lixo orgânico é produzido em todo mundo sem ser reaproveitado e deve ser um assunto a ser tratado no meio escolar para levar os alunos a uma reflexão e cuidado do meio ambiente. Uma compostagem pode ser um tema muito importante e intrigante entre os estudantes e a realização de atividades escolares que envolvam a comunidade escolar gera resultados significativos como por exemplo uma composteira seca artesanal produzida pelos discentes para a comunidade fazer em casa e reutilizar aquele resto de alimento que iria para o lixo.

Resultados

O Resultado do Projeto sobre a Compostagem através da palestra e práticas mostrou-se alinhada com os princípios da sustentabilidade e desenvolveu ao longo desse tempo nos alunos o interesse pelos processos naturais e busca de informações junto aos professores. Assim, além de fazerem compostagem, hoje os alunos (alguns dos quais participaram desde o momento da implantação da compostagem na escola em 2019), praticam com o auxilio da professora de química e práticas experimentais Nilian um projeto de horta escolar na escola a partir de 2022 com o retorno das aulas pós pandemia. Desta horta os alunos já puderam colher as verduras e levar para as suas casas e também trabalhar a questão da produção de alimentos sem agrotóxicos, alimentos ditos orgânicos. Outro resultado importante foi a confecção de composteiras secas pelos alunos para que a sociedade possa aprender a viver de forma sustentável e pensando no planeta.

Discussão dos Resultados

Com esse trabalho podemos perceber que o ato de construirmos uma composteira vai muita além de produzir um composto orgânico, construir uma composteira e usá-la é um ato de amor ao nosso planeta, é uma solução para você, que busca formas de ajudar a combater o aquecimento global, uma dentre várias outros soluções que existem. É de suma importância começarmos a ver a composteira como um hábito, usá-la diariamente, pois ela é a forma de reciclar nosso lixo orgânico que produzimos, melhor dizendo, uma parte do lixo orgânico que produzimos, pois infelizmente nem todo lixo orgânico que geramos é possível ser reciclado nela. Ao decorrer dos anos, após esse projeto ser implantado em nossa escola, um dos principais resultados que obtivemos foi termos uma terra mais fértil e mais apta para o plantio, como exemplo, este ano foi plantado verduras na terra que era feita a compostagem, que se desenvolveram de forma a colhermos totalmente orgânicas, e também a ampliação desse projeto que ultrapassou os portões de nossa escola, chegando a ser implantado na casa de alunos de nossa escola, que abraçaram essa causa.

Conclusões

O trabalho realizado reafirmou que a prática da compostagem é uma forma de viabilizar o aproveitamento dos resíduos sólidos gerados nas residências e escolas, diminuindo-os para que não tenham que ser destinados aos aterros sanitários ou lixões, gerando um custo desnecessário aos cofres públicos, o que por sua vez poderia ser empregado no município para a promoção de projetos como este de educação ambiental. A compostagem pode ser considerada como uma forma de reciclar o lixo orgânico e reutilizá-lo posteriormente para adubação de hortas caseiras e escolares produzindo alimentos de melhor qualidade. Os nutrientes gerados pela compostagem podem ser incorporados ao solo proporcionando melhorias para sua estrutura. A experiência realizada nos mostrou que os espaços escolares é um lugar propício para o diálogo e práticas sustentáveis que possibilitem a geração de uma consciência mais racional e de cuidado com o ambiente, abrigo de todos os seres vivos, inclusive, nós humanos. A consciência cidadã sobre sua responsabilidade social deve ser instigada e promovida pelas instituições educacionais, haja vista seu papel influenciador e motivador de transformações sociais. Neste sentido, levar exemplos de reaproveitamento e modelos práticos de ações de sustentabilidade a cidadãos tão jovens, significa criar neles a prática de boas ações. Fato esse que resultará em uma sociedade cada vez mais consciente da valorização socioambiental.

Referências

CAPRA, Fritjof. Alfabetização Ecológica: o desafio para o século 21. In: TRIGUEIRO, André (Coord.). Meio ambiente no século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento Campinas: Armazém do Ipê (Autores Associados), 2005. COSTA, A.P.; SILVA, W.C.M. A compostagem como recurso metodológico para o ensino de ciências naturais e geografia no ensino fundamental. Enciclopédia Biosfera, Centro Cientifico Conhecer, Goiânia, vol. 7, n. 12; 2011. Fonte: http://www.hortadaformiga.com/conteudo.cfm?id=182A compostagem. 2010 Fonte: www.lixo.com.brO que é compostagem. Acesso 2022. GODOY, J.C. Compostagem. Biomater. s/d. Disponível em: www.biomater.com.br. Acesso em: 2022. GUIMARÃES, MAURO. A Dimensão Ambiental na Educação/ Mauro Guimarães. - 11º Ed.- Campinas, SP: Papirus, 2013. - (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). MARAGNO, E.S.; TROMBIN, D.F.; VIANA, E. O uso da serragem no processo de minicompostagem. Eng. Sanit. Ambient. Vol. 12, nº 4, p. 355-360, 2007. PELICIONI, M.C.F. Educação ambiental, qualidade de vida e sustentabilidade. Saúde e Sociedade 7(2); 19-31, 1998. PELICIONI, M.C.F. Educação ambiental, qualidade de vida e sustentabilidade. Saúde e Sociedade 7(2); 19-31, 1998. SIQUEIRA, T.M.O.; ASSAD, M.L.R.C.L. Compostagem de resíduos sólidos urbanos no Estado de São Paulo [Brasil]. Ambiente & Sociedade. V.XVIII, n. 4, p. 243-2664. São Paulo. 2015. SOARES, A.P.M.; GRIMBERG, E.; BLAUTH, P. Coleta seletiva e o princípio dos 3rs. Instituto Pólis. DU nº 109, São Paulo. 1998.

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