Introdução
Óleos e gorduras são essenciais na fabricação do sabão.Todo sabão é produzido através de uma reação química. Esta reação é denominada de saponificação. A reação ocorre pela mistura de um ácido graxo presente em óleos e gorduras com uma base de forte, geralmente o hidróxido de sódio. O resultado dessa reação é um sal orgânico, o sabão e um álcool (Manual da Química)
As saponinas são compostos bio orgânicos que se encontram presentes em diversas plantas e alimentos, como é o caso da soja. Estes compostos fazem parte do grupo dos fitoesteróis. As saponinas são glicosídeos presentes em algumas plantas, sendo a soja sua principal fonte. O conteúdo de saponinas na soja varia de 0,5% a 0,6%.
O consumo de óleos vegetais no Brasil é de aproximadamente três bilhões de litros ao ano. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABLOVE) é que a cada quatro litros consumidos, um seja descartado de forma incorreta. (AESBE, 2020).
As tubulações que recolhem água servida em residências são feitas para conduzir material de caráter líquido. Embora o óleo de cozinha seja líquido, ao entrar em contato com a água ele solidifica e acaba obstruindo a tubulação. Ao chegar ao manancial o óleo fica na superfície da água diminuindo a entrada de luz e assim diminuindo a taxa de fotossíntese, isso acarretará a diminuição de O2 dissolvido na água que poderá interferir na biodiversidade local e na cadeia alimentar. Além disso, o custo do tratamento da água ficará elevado.
Um dos ingredientes da receita do sabão caseiro é o óleo. Observando que na maioria das vezes ele é descartado de forma indevida, por vezes sendo jogado diretamente na pia, podendo causar sérios prejuízos nas redes de esgoto (entupimento) e encarecer o tratamento dos resíduos.
Devido a utilização da soda cáustica na produção do sabão, houve um questionamento: 'seria possível retirar a soda cáustica da receita do sabão caseiro, tornando o processo de confecção menos arriscado?'
Partindo dessa informação, o sabonete sem soda irá utilizar óleo de cozinha usado, desta forma dando uma destinação segura para o mesmo.
Sabendo que para realizar um sabão a soda cáustica é necessária, foi decidido então retirá-la da receita, assim diminuindo os riscos de acidentes em sua confecção, pois a soda cáustica se apresenta como um elemento corrosivo.
A fabricação do sabão caseiro é uma medida sustentável, por minimizar os efeitos negativos gerados pelo descarte inadequado do óleo de cozinha no meio ambiente. Porém, algumas das substâncias usadas na fabricação caseira do sabão são consideradas nocivas, devido à ação tóxica de seus compostos, que podem vir a agredir a saúde.
A questão norteadora do projeto surgiu a partir da descoberta que a soda cáustica está presente na composição do sabão. Dessa forma pôde-se também perceber os riscos em relação ao seu manuseio, pois pode causar queimaduras sendo uma base extremamente agressiva às mucosas.
O problema da confecção do sabão caseiro é o uso da soda cáustica, que gera o perigo de acidentes. Então um sabão de fácil confecção sem o uso de produtos perigosos à saúde contribuem com a ODS 11 cidades e comunidades sustentáveis.
O projeto encontra-se em andamento e tem por objetivos:
-Produzir um sabão caseiro sem soda cáustica ;
- Reciclar o óleo de cozinha usado;
-Evitar acidentes envolvendo a soda cáustica;
-Contribuir com a ODS 11 - Cidades e comunidades sustentáveis.
Métodos
Após a escolha do tema foi realizada inicialmente a pesquisa do referencial teórico pela internet consultando sites e artigos científicos em busca de conhecer a saponina, componente responsável pela formação de espuma em sabões.
Em um primeiro momento se cogitou em usar o juá, planta da família Solenaceae, que possui uma espécie chamada juá manso (Solanum sanctaecatharinae) que é comestível e o juá bravo (Solanum viarum),que libera uma toxina, porém na região sudeste não há muito juá, pois é uma planta que é predominante do nordeste brasileiro. Após descartar a opção da utilização do juá, a pesquisa seguiu na busca de produtos que continham saponina.
Dados publicados no site Tua Saúde, Dieta e Nutrição, com revisão clínica da nutricionista Tatiana Zanin em julho de 2020, contém uma tabela com os principais alimentos ricos em saponina, assim chegando à soja, que é acessível e rica nesse composto surfactante essencial na produção de sabão.
Teste de espuma
A soja em pó foi obtida através da maceração e trituração de grãos de soja,com o liquidificador caseiro. O procedimento foi adaptado através do teste qualitativo de verificação de saponina publicado pela Sociedade Brasileira de Farmacologia.
Nesse teste usou-se 2 gramas de soja em pó para 9 ml de água destilada sendo fervida no fogo por 3 minutos, após isso agitando em um pote a mistura por 15 segundos e verificado se havia permanência de espuma (resultado positivo) ou não (resultado negativo). No primeiro ensaio obteve-se pouca espuma, porém com permanência da mesma. Em um segundo ensaio a quantidade de soja foi aumentada para 2,5 gramas obtendo-se uma maior quantidade de espuma quando comparada ao teste inicial.
Produção do sabão
A primeira receita de sabão foi feita de soja e se formou uma pasta quebradiça e oleosa, pois não houve a esterificação.Dessa maneira a pesquisa seguiu em busca de uma base,para provocar a esterificação, assim começando a trabalhar com a cinza de madeira, que contém o hidróxido de potássio, que é uma base e assim facilitar a reação de esterificação.