Introdução
A população mundial é cada vez mais dependente dos materiais plásticos, cuja produção apresenta um crescimento anual de 5 a 6%, atingindo aproximadamente 298 milhões de toneladas em 2017. Indispensáveis para a vida moderna, a geração e a destinação do plasticos atinge toda a população e é uma questão que vem se agravando com o aumento populacional e com desenvolvimento industrial e agrícola. Esses resíduos impactam a água, atmosfera, a fauna e flora, causando contaminação nos solos e estão envolvidos no processo de mudanças climáticas. No oceano Pacífico, por exemplo, há uma enorme massa flutuante de resíduos com três vezes o tamanho do estado da Bahia, formada por 87 mil toneladas de lixo plástico (brinquedos, garrafas, aparelhos eletrônicos, redes de pesca, etc) que arrastados pelas correntes marítimas se acumulam entre o Havaí e a Califórnia.
Aproximadamente metade do resíduo plástico gerado é proveniente de embalagens, mas como grande parte deste material não é reciclado ou incinerado, acabam descartados de forma inapropriada ou superlotando os aterros sanitários. A desinformação sobre o assunto leva a uma baixa percepção sobre a importância do consumo consciente e do descarte apropriado. Por exemplo, grande parte da população não sabe que o isopor® é na verdade o nome comercial do poliestireno expandido (EPS), ou seja, ele é um plástico totalmente reciclado, constituído por 98% de ar e 2% de poliestireno. A solubilização do isopor® em solventes orgânicos está entre as melhores alternativas de recuperação do poliestireno utilizado na fabricação deste material. Diferentes solventes orgânicos são utilizados para solubilizar o isopor®, como a acetato de etila, o tolueno e o limoneno. O limoneno é um monoterpeno natural extraído das cascas de frutas cítricas, como laranja e limão, sendo, portanto, um solvente atóxico, proveniente de fontes renováveis, seguro, biodegradável e compatível com diferentes materiais como cerâmica, nylon e PET. Contudo, os produtos de isopor® possuem um ciclo de vida útil curto e geram um grande volume de resíduos, o que dificulta a logística de coleta e
transporte do material utilizado, como consequência, a maior parte do isopor® produzido não é reciclado, acabando em aterros sanitários ou incinerado. No Brasil, por exemplo, são produzidas 100 mil toneladas isopor® por ano, mas apenas 34,5 % é reciclado.
Neste contexto, torna-se imprescindível o desenvolvimento de práticas que
propiciem a reflexão sobre formas sustentáveis de interação sociedade-natureza, relacionando as nossas necessidades e atividades com fatores como consumismo e desperdício, assumindo a reciclagem como um processo primordial para a redução da pressão sobre os recursos ambientais. Assim, surgiu o projeto “Mistura de Isopor com Laranja? Vai que
cola!”, que busca a construção de um ambiente de reflexão do impacto do nosso estilo de vida sobre o meio ambiente e de como podemos contribuir, multiplicando ações ecologicamente corretas, que transpassam temas relacionados à ciência, reciclagem, arte, educação e sustentabilidade na formação da cidadania. O projeto se baseia na recuperação de poliestireno a partir da solubilização do isopor em limoneno, envolvendo a agregação de valor ao material recuperado a partir da confecção de produtos impermeabilizantes, como o verniz, daí o nome de verniz ecológico.
Métodos
Método de pesquisa utilizado foi qualitativo, atráves da realização das atividades propostas pelos estudantes, que incluiram a preparação do verniz a partir do seu derretimento no limoneno, aplicação do impermeabilizante sobre madeira, pesquisa, e elaboração do presente projeto.
Nos experimentos foram utilizadas peças de isopor sem corante de embalagens de eletrodomésticos. O material foi lavado e seco a temperatura ambiente, sendo então pesado e transferido em porções para um recipiente de preparo do verniz. Foram adicionadas quantidades variadas de limoneno adquirido comercialmente, a fim de se obter a proporção isopor/limoneno mais indicada para manuseio. Depois o mesmo foi aplicado sobre a madeira. As madeiras escolhidas para serem vernizadas fazem parte do jardim do colégio, assim o verniz produzido foi aplicado na própria escola.