Introdução

No Centro Estadual em Tempo Integral (CETI) Manuel Vicente Ferreira Lima, na cidade de Coari – AM, os alunos têm diariamente um intervalo no horário do almoço entre onze e quinze e treze horas. Nesse horário os alunos descansam, mas também há projetos didático-recreativos, como o projeto de alunos monitores e pesquisadores que ocorre no Laboratório de Ciências. As atividades são realizadas pelos alunos com a supervisão do professor e em uma dessas atividades, uma equipe do projeto havia ficado responsável pela organização de lâminas citológicas, que seriam utilizadas didaticamente nas aulas de Biologia nas sete turmas de primeiros anos. As aulas práticas têm o intuito de estimular e manter o interesse dos alunos na investigação científica, ampliar as capacidades de resolver problemas e na compreensão dos conceitos básicos. Os objetivos das aulas práticas são de observar, entender e colocar em prática os processos metodológicos para que as aulas possam ser melhor contextualizadas (DE SOUZA, et. Al, 2017) Durante a montagem das lâminas de películas de cebola, epiderme de folhas e mucosa oral, os alunos se depararam com as dificuldades de observação dessas lâminas e surgiu a ideia de pesquisarem sobre como ocorre a ação dos corantes nas diferentes estruturas celulares. A hematoxilina é um corante extraído do cerne da árvore Haematoxylum campechianum, conhecida também como Pau Campeche. É classificado como corante básico, do qual possui afinidade a estruturas ácidas das células, como o material genético, glicosaminoglicanos e outras estruturas com pH ácido. Já a eosina é um corante sintético que possui características ácidas e é emp0regada na coloração de estruturas alcalinas ou básicas, como mitocôndrias, proteínas citoplasmáticas e colágeno (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2017). Segundo oliveira, et al, 2018 A utilização de corantes histológicos naturais alternativos na técnica de coloração de rotina proporciona maior segurança, baixo custo na produção e agilidade de obtenção dos corantes devido a abundância de determinadas plantas em todo território brasileiro. Há no mercado uma infinidade de corantes de outros sintéticos utilizados em histologia, porém quase todos eles são de alto valor comercial e inviável para os alunos da rede pública estadual do Amazonas, exceto a violeta genciana, ou violeta de metila, que cora o núcleo celular, mas possui muitos cristais que torna a visualização difícil. Depois desse levantamento, os alunos buscaram as plantas que possuem efeito corante, testando algumas delas, como cenoura, beterraba, caju, açaí e pequiá para que fosse possível corar as lâminas com material de baixo custo financeiro e de fácil acesso na cidade de Coari – AM.

Métodos

Para a observação das diferentes estruturas celulares, foram desenvolvidas e testadas diferentes técnicas de coloração, buscando sempre utilizar corantes de baixo custo, principalmente feitos com produtos naturais encontrados na cidade de Coari, estado do Amazonas. Foram testados inicialmente corantes produzidos a partir de diferentes vegetais, como beterraba (Beta sp.), urucum (Bixa orellana), cenoura (Daucus carota), pau rosa, preciosa (Aniba sp.), goiaba (Psidium sp.) e abacaba (Oenocarpus bacaba). Esses corantes foram extraídos por maceração simples dos vegetais acima citados, filtrados com filtro de papel e colocados em tubos de ensaio de 20 ml. Para produção das lâminas, cada corante foi colocado em cada vidro de relógio 06 ml de corante e mergulhado um fragmento de tecido da película de cebola (Alliun cepa) com uso de uma pinça anatômica. Para produção das lâminas foi colocado um fragmento de tecido da película de bulbo de cebola em cada vidro de relógio 06 ml de corante, mergulhando películas retiradas do bulbo da cebola (Alliun cepa), sendo que em cada um, depois foram colocados em lâminas de microscopia cobertos por lamínulas para posterior observação no microscópio óptico com aumento de 160 vezes. Na segunda etapa foram feitas macerações de caju (Anacardium occidentalee) açaí (Euterpe oleracea), com a utilização de corante alimentício vermelho e verde respectivamente, que foram visualizadas películas de cebola no microscópio óptico com aumento de 160 vezes. A última etapa de produção de corantes, feita uma solução hidroalcóolica da casca do pequiá, onde em um erlenmeyer de 250 ml foram colocadas 24 gramas de casca do piquia, 100ml de etanol, 25 ml de água desmineralizada para produção de corante natural. Foi utilizado um erlemayer, uma balança, uma pipeta, que foi utilizada para colocar o etanol dentro do recipiente para ser feita a extração do corante natural. Depois foi deixado por 24 horas para extrair seu corante, filtrado em um coador de papel para separar o liquido da casca do pequiá e o corante já pronto foi guardado dentro de um recipiente de vidro âmbar de 100 ml. Também foi feita a maceração do caju, só que dessa vez foi colocado em solução hidroalcóolica, filtrado e guardado em erlemayer de 250 ml. Foi feita uma solução hidroalcóolica do liquido do açaí, em que foram utilizado 100 ml do liquido do açaí com 25 ml de água desmineralizada 100 ml de etanol. Para a solução hidroalcóolica de caju foram utilizados 83 gramas de caju bruto, extraindo 18 gramas de liquido que é igual a 02 ml, que foi diluído em 100 ml de etanol e 25 ml de água desmineralizada. A solução descansou por 72 horas foi feita a separação do bagaço e liquido, que foi guardado em um erlemayer de vidro de 250 ml, tampado com papel alumínio. Para análise de osmose foram feitas três substâncias, sendo a primeira uma solução hipertônica, de água com cloreto de sódio (sal de cozinha), a segunda foi soro fisiológico (isotônica) e a terceira a água desmineralizada (hipotônica). As películas do bulbo da cebola foram submersas simultaneamente nas três substâncias, que estavam em um vidro de relógio cada uma, por cinco minutos e foram retiradas das substâncias com concentrações diferentes de sais, que foram passadas para os vidros de relógio com um ml de caju e um ml de açaí, deixando por cinco minutos submersa na solução. Foi retirada novamente a película de cebola e foi submersa por mais cinco minutos no corante de pequiá. Logo em seguida o material foi colocado em uma lâmina e coberto com uma lamínula para ser visualizado no microscópio óptico, com aumento de 160 vezes.

Dados

O uso do açaí, caju e pequiá na visualização de osmose em células vegetais


Temas

Inovação e Problemas da Sociedade

Palavras-chave

Células, Corante, Osmose, Amazônia

Equipe Ciêntifica

FABIO CANO CARNIELO (Coordenador da Equipe)
Carlos Vinicíus da Silva Tito (Aluno Capitão)
Daiziane Souza de Araújo (Aluno)
'Nathila Crhis Serdeira Carvalho (Aluno)
Anthone Felipe Feitoza de Castro (Aluno)
Alehandro Charlys Campos (Aluno)

Escola

CETIl Manuel Vicente Ferreira Lima, Coari-AM

Resumo

Nas aulas de Biologia do CETI Coari não havia opções de corantes para fazer a coloração das estruturas celulares pelo alto valor financeiro dos mesmos, como a hematoxilina e eosina. Durante as atividades eram utilizados cortes histológicos ou seres microscópicos a fresco, sem a utilização de corantes, que geralmente era impossível identificar estruturas transparentes, ou ainda com a utilização de cristais de violeta de metila, que corava somente o núcleo celular e muitas vezes deixava a visualização difícil por causa dos cristais. Diante dessa situação, foi formada uma equipe no intuito de testar corantes naturais encontrados na flora Amazônica, na cidade de Coari. Os testes com caju (Anacardium sp.), açaí (Euterpe oleracea) e pequiá (Caryocar villosum) tiveram resultados positivos. Com a combinação desses corantes foi possível visualizar facilmente a parede celular, o núcleo, bem como diferenciar o vacúolo do citoplasma, facilitando inclusive a diferenciação entre células hipotônicas, isotônicas e hipertônicas.

Resultados

No primeiro momento, buscava-se a visualização do núcleo celular através de corantes naturais. como beterraba (Beta sp.), urucum (Bixa orellana), cenoura (Daucus carota), pau rosa e preciosa (Aniba sp.), goiaba (Psidium sp.) e abacaba (Oenocarpus bacaba), mas não houve nenhum resultado positivo, pois nenhum corante natural testado corou núcleo nem outras estruturas celulares Na segunda tentativa foram utilizados os corantes feitos com caju (Anacardium occidentalee) açaí (Euterpe oleracea), que corou levemente o citoplasma e o núcleo das células da película de cebola (Allium cepa) de amarelo. Quando colocado o corante alimentício vermelho ou o verde, houve visualização da parede celular com cor viva, bem como do vacúolo, citoplasma e do núcleo. Já na terceira tentativa, com a utilização de caju, açaí e pequiá, todas as estruturas acima citadas foram observadas, destacando a importância de que todos os materiais utilizados para produção desse método de coloração foram totalmente naturais, sem riscos de causarem prejuízos à saúde dos alunos que manusearam os materiais, nem para o meio ambiente após seu descarte. Na observação de osmose em células vegetais, os tecidos submetidos a uma solução hipertônica, as células ficaram plasmolisadas ou murchos, também foi possível observar o citoplasma, vacúolo e o núcleo.

Discussão dos Resultados

Esse trabalho foi de grande importância para os alunos, que juntamente com o professor de Biologia, conseguiram desenvolver a própria metodologia de trabalho para produção de corantes naturais para visualização de estruturas celulares, bem como para a comunidade escolar como um todo, pois outros professores também puderam utilizar esse corante que pode ser produzido em grandes quantidades, além de terem baixo custo de produção e são muito fáceis de serem encontrados na cidade de Coari. É muito importante ser destacado também que além de todo trabalho ter partido dos próprios alunos, ativando assim o protagonismo, outros alunos da escola que já participavam do projeto no horário do almoço ficaram ainda mais motivados em buscar descobrir coisas novas através da pesquisa. Outros alunos também já aguardam para participarem do projeto do ano que vem, tendo como monitores esses alunos que são já muito conhecidos na comunidade escolar e na cidade no que diz respeito a traçar metas, desenvoltura, disciplina, enfim, são referência e citados como exemplo a ser seguido pelos colegas. Pode-se concluir que esse projeto foi de grande importância não apenas no sentido de melhorar a qualidade das aulas práticas de Biologia, mas também mostrar que alunos motivados e disciplinados podem mudar a realidade de sua escola, sua cidade e até mesmo de um país. 

Conclusões

Esse trabalho foi de grande importância para os alunos, que juntamente com o professor de Biologia, conseguiram desenvolver a própria metodologia de trabalho para produção de corantes naturais para visualização de estruturas celulares, bem como para a comunidade escolar como um todo, pois outros professores também puderam utilizar esse corante que pode ser produzido em grandes quantidades, além de terem baixo custo de produção e são muito fáceis de serem encontrados na cidade de Coari. É muito importante ser destacado também que além de todo trabalho ter partido dos próprios alunos, ativando assim o protagonismo, outros alunos da escola que já participavam do projeto no horário do almoço ficaram ainda mais motivados em buscar descobrir coisas novas através da pesquisa. Outros alunos também já aguardam para participarem do projeto do ano que vem, tendo como monitores esses alunos que são já muito conhecidos na comunidade escolar e na cidade no que diz respeito a traçar metas, desenvoltura, disciplina, enfim, são referência e citados como exemplo a ser seguido pelos colegas. Pode-se concluir que esse projeto foi de grande importância não apenas no sentido de melhorar a qualidade das aulas práticas de Biologia, mas também mostrar que alunos motivados e disciplinados podem mudar a realidade de sua escola, sua cidade e até mesmo de um país. 

Referências

DE SOUZA, Rhaissa Hissae Maezawa et al. PRÁTICA EXPERIMENTAL NO ENSINO DE BIOLOGIA GERAL: O FENÔMENO DA OSMOSE. ANAIS DO EGRAD, v. 4, n. 7, 2017. JUNQUEIRA, L. CARNEIRO; J. Histologia Básica Guanabara Koogan; 13 ed.; Rio de Janeiro; 2017. OLIVEIRA, M. A. B.; PEREIRA, S. T.; MENDONÇA, A. R. dos A.; LOPES, E. J. de S.; MUNDIM, F. G. L.; PEREIRA, R. M. Extratos de Morus nigra l. (amora-preta) e Bixa orellana L. (urucum) para substituição dos corantes hematoxilina e eosina (HE) na técnica histológica de rotina. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 11, n. 2, p. e132, 25 dez. 2018. Disponível em < https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/132/87>. Acesso em 18 de julho de 2022.

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