Introdução

No Centro Estadual em Tempo Integral (CETI) Manuel Vicente Ferreira Lima, na cidade de Coari – AM, ocorre entre onze e cinquenta e treze horas um projeto com alunos do ensino médio, que busca popularizar a ciência, bem como encontrar alternativas para a produção de aulas práticas de baixo custo, utilizando materiais baratos e de fácil acesso aos alunos, já que a escola não possui recursos, nem materiais suficientes para produção de aulas práticas como acontece nas universidades. Nesse horário o projeto que ocorre no Laboratório de Ciências, são elaboradas atividades, que são realizadas pelos alunos com a supervisão do professor e conta com alunos monitores (que auxiliam nas aulas práticas em suas respectivas turmas) e pesquisadores (que buscam alternativas para melhoria das aulas e da qualidade de vida da população de Coari, estado do Amazonas), As aulas práticas têm o intuito de estimular e manter o interesse dos alunos na investigação científica, ampliar as capacidades de resolver problemas e na compreensão dos conceitos básicos. Os objetivos das aulas práticas são de observar, entender e colocar em prática os processos metodológicos para que as aulas possam ser melhor contextualizadas (DE SOUZA, et. Al, 2017). Durante a observação de lâminas prontas (de uma coleção pertencente ao professor de Biologia), os alunos perceberam que há diferentes colorações dos tecidos celulares adultos do caule de plantas, como os de revestimento, sustentação, preenchimento e condução. Também foi abordado que nas plantas, para produção do seu próprio alimento, tinha que haver a condução da seiva bruta (água e sais minerais) das raízes até as folhas e o sentido contrário (das folhas até as raízes) para a distribuição da seiva elaborada (alimento a base de carboidratos). Segundo NETO (pp. 1,2) O caule, como os demais órgãos, detém importantes funções e, consequentemente, características particulares que são essenciais para o funcionamento da planta. Sustentação da parte aérea (folhas, flores e frutos), translocação (nutrientes, fotoassimilados e hormônios) e acúmulo de reservas são algumas dessas funções. Anatomicamente, os caules apresentam uma enorme variedade de tipos celulares e padrões de organização dos tecidos, o que está diretamente relacionado com o arranjo do sistema vascular. De maneira geral, o caule é constituído pelo sistema de revestimento, tecido fundamental e tecidos vasculares. Em estrutura primária, o sistema de revestimento é formado pela epiderme (comumente unisseriada), o sistema fundamental que compreende o córtex (formado majoritariamente por parênquima, colênquima e as vezes esclerênquima) e a medula, enquanto o sistema vascular (formado por vários tipos celulares) compreende os tecidos vasculares, isto é, xilema e floema. Com base nessas observações, a equipe buscou fazer uma sequência de combinações no sentido de fazer avaliações da anatomia histológica e da fisiologia do caule da espécie de planta escolhida, que foi a Coirama (Kalanchoe prinnata), que é uma planta medicinal de baixo porte (que facilita a condução da seiva bruta com corante alimentício e elaborada por toda a planta em pouco tempo), com caule fino, facilitando a obtenção de cortes finos sem equipamentos sofisticados, como o micrótomo.

Métodos

Nesse estudo qualitativo, foram utilizadas plantas medicinais, conhecidas popularmente na região com o coirama (Kalanchoe prinnata), de 15 centímetros, que foi colocada com sua raiz no Becker, mergulhada em 150ml de água onde foi adicionado 20 ml doo corante violeta genciana. Em mais três garrafas pet cortadas com 13 centímetros de altura, foi colocada uma planta em cada recipiente, com 19 centímetros de altura, com 20 ml de corante alimentício vermelho, marrom e verde respectivamente, em aproximadamente 600 ml de água em cada garrafa. As plantas ficaram inicialmente uma semana na solução dos respectivos corantes e após esse período foi fatiado o caule de cada planta, com uma lâmina do barbear, um centímetro acima da raiz, para posteriormente serem feitos cortes histológicos bem finos com a própria lâmina de barbear e coloração com lugol para observação do floema. Outras fatias foram retiradas de cada uma das plantas, de um em um centímetro por semana, no sentido da raiz para as folhas durante três meses para produção de lâminas histológicas. Após esse período, cada uma delas ficou em seu recipiente por mais dois meses sem serem fatiadas. No final do experimento, foram feitos cortes na zona apical do caule de cada uma das plantas e repetição dos procedimentos histológicos para observação se houve coloração total por absorção pelo xilema e coloração natural das estruturas, já que todas as plantas continuaram vivas durante todo o processo, facilitando aulas de anatomia e fisiologia vegetal em todas as turmas utilizando poucas plantas, sem matá-las

Dados

ESTUDOS DIDÁTICOS DOS VASOS CONDUTORES DE PLANTAS COM A UTILIZAÇÃO DE CORANTES ALIMENTÍCIOS


Temas

Inovação e Problemas da Sociedade, Cidades e Comunidades Sustentáveis, Saúde e Consumo Responsável

Palavras-chave

xilema, floema, condutores

Equipe Ciêntifica

FABIO CANO CARNIELO (Coordenador da Equipe)
Jacqueline Ataíde de Souza (Aluno Capitão)
Dhenyfer Amorim Pereira (Aluno)
Mauricio Silva Moriz (Aluno)

Escola

CETIl Manuel Vicente Ferreira Lima, Coari-AM

Resumo

Nas aulas práticas de biologia é clássica a demonstração da fisiologia dos vasos condutores das plantas, principalmente a absorção de água e sais minerais pelas raízes, chegando até o caule, folhas e flores, com a utilização de corantes. Esse projeto consiste em colorir os vasos condutores das plantas e observar sua fisiologia e histologia, com retirada de uma película do caule da coirama (Kalanchoe prinnata), que absorve rápido os corantes alimentícios dissolvidos na água, facilitando a observação da absorção da seiva bruta colorida. Após uma semana, os cortes foram feitos no caule das plantas, com utilização de uma lâmina de barbear e montagem de lâminas histológicas para saber até que ponto o corante alimentício subiu no mesmo. Além do corante alimentício, foi utilizado o lugol para detecção da seiva elaborada (amido). As lâminas ficaram coradas, diferenciando os vasos condutores das outras estruturas do caule, garantindo resultados diferentes para as aulas.

Resultados

Após uma semana que as plantas estavam nas soluções com corantes, foram feitas as fatias, um centímetro acima das raízes (que foram imediatamente descartadas). Em cada fatia foram feitos cortes histológicos para observação das estruturas coradas naturalmente pela absorção dos vasos condutores, bem como a utilização de lugol para coloração do floema em preto ou roxo. Não houve resultado positivo por ação da violeta com relação ao que se refere a coloração dos vasos condutores e os outros tecidos do caule, que ficaram normais (sem sofrer plasmólise ou outro dano), porém sem nenhum indicativo de absorção da violeta genciana . Já nas plantas coradas naturalmente pelos corantes alimentícios vermelho, marrom e verde, houve diferenciação das estruturas histológicas do caule, havendo boa diferenciação das lâminas com o uso dos três diferentes corantes alimentícios nas diferentes etapas de fatiamento das plantas, inclusive da zona apical.

Discussão dos Resultados

As plantas coradas naturalmente pelos corantes alimentícios vermelho, marrom e verde, além de comprovar de maneira fácil e barata a fisiologia dos vasos condutores, pode proporcionar fácil identificação das diferentes estruturas histológicas do caule das plantas, além dessas estruturas terem ficado visualmente muito bonitas, o que já chamou a atenção dos alunos que participaram da produção das mesmas e com certeza promoverá encantamento das futuras turmas que fizerem uso dessas metodologia nas futuras aulas de biologia.  

Conclusões

Esse trabalho é muito importante para o estudo da anatomia e fisiologia das plantas vasculares com material de baixo custo.

Referências

PRATA, Ressiliane Ribeiro e MENDONÇA, Maria Silvia de. Estudo anatômico do xilema secundário da raiz e do caule de Maytenus guyanensis Klotzsch ex Reissek (Celastraceae). Acta Amazonica [online]. 2009, v. 39, n. 2 [Acessado 4 Outubro 2022] , pp. 261-266. Disponível em: . Epub 11 Ago 2009. ISSN 1809-4392. https://doi.org/10.1590/S0044-59672009000200003. DA CUNHA NETO, Israel Lopes. Anatomia e desenvolvimento caulinar como subsídio à sistemática das plantas vasculares. Universidade de São Paulo, pp. 1,2. Disponível em < https://www.researchgate.net/profile/Israel-Cunha-Neto/publication/335203293_Anatomia_e_desenvolvimento_caulinar_como_subsidio_a_sistematica_das_plantas_vasculares/links/5d56927fa6fdccb7dc401fd2/Anatomia-e-desenvolvimento-caulinar-como-subsidio-a-sistematica-das-plantas-vasculares.pdf>. Acesso em 04/10/2022. PACE, Marcelo Rodrigo et al. Evolução do sistema vascular em linhagens que contêm lianas. São Paulo: Universidade de São Paulo , 2015.

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